quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Reggae na Folia



Quem nunca foi embalado pelo envolvente som do reggae que atire a primeira pedra. Um ritmo que mistura música folclórica, ritmos africanos, ska (combinação de elementos caribenhos) e o calipso (ritmo caribenho). Surgido na Jamaica, esse gênero musical ganhou repercussão mundial na década de 1970 e na voz de Bob Marley encantou multidões. Outros nomes também contribuíram para a fortificação desse estilo de música como é o caso do Delroy Wilson, Bob Andy, Burning Espear, Johnny Osbourne, além das bandas The Wailers, Ethiopians, Desmond Dekker e Skatalites.

No Brasil, o reggae foi mais forte na região Norte do país, mas na Bahia ele foi incrementado numa das festas mais populares do planeta: o Carnaval de Salvador. Aqui, com os blocos de reggae, esse ritmo ligado a força Rastafari defende a justiça social e a equiparação de direitos através da música, arte e cultura. Situados na sua grande maioria no Pelourinho, esses blocos como o Aspiral do Reggae, Banana Reggae, Surf Reggae, Reggae - O Bloco, Diamante Negro, Ska Reggae, Coração Rastafari e Filhos de Jha, contribui a cada carnaval para o amadurecimento desse ritmo que vai ganhando espaço na folia.

Falar do reggae no Carnaval de Salvador é desafiador pelo fato desse gênero durante alguns anos ser colocado de lado em contraposição aos grandes ritmos da folia como o Axé e o Pagode. Para Jussara Santana – coordenadora e produtora musical do Bloco Aspiral do Reggae a causa disso vem das marchinhas e dos modismos do Axé que foram tomando conta do cenário da festa. Mas ela salienta que o reggae está presente nas vozes de Edson Gomes, Ras Ciro Lima, Sine Calmon entre outros.

Na opinião de Amilton Santana Cunha representante do Bloco Diamante Negro o reggae não estar diretamente à margem do carnaval da Bahia, mas para ele existe uma monopolização que é feita pelos grandes empresários e pelos grandes blocos que colocam grandes estruturas com mais de 6000 mil foliões e um exército de cordeiros, promovendo a segregação humana (Centro x Periferia).

Os representantes do reggae (os blocos) no carnaval da cidade se constituem em um grande personagem, sendo estimulado pelo público que respondem de forma positiva a essa inserção desses ritmos alternativos. Muitos deles fazem projetos sociais como as entidades Diamante Negro que mantém oficinas de capoeira, dança e percussão, o Aspiral do Reggae que promovem palestras sobre diversos assuntos, desde alimentação natural até a importância da cultura Rastafari, Ska Reggae com as suas oficinas de capoeira e artesanato, o Coração Rastafari que trocam seus abadares por alimentos não perecíveis depois do carnaval entre outros blocos.

O reggae é um dos ritmos alternativos da folia, juntamente com o rock entre outros que aos poucos foi se contrapondo e ganhando força no carnaval. Como Jussara diz o reggae continua na resistência e persistência no cenário da festa mais popular do mundo.

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