segunda-feira, 7 de junho de 2010

E veio o Tapajós

Após o mês de fevereiro de 1956, Orlando Campos que já tinha formado seu conjunto elétrico no ano anterior, enfeitou uma caminhonete com bandeirolas e gambiarras e colocou a banda para tocar. Com patrocínio de pequenos comerciantes, amigos e do Clube Flamenguinhos do qual Orlando fazia parte, o Trio Tapajós fez o carnaval de Periperi.

A Prefeitura de Salvador resolve patrocinar Dodô e Osmar em 1958 e no ano seguinte são convidados pelo governador de Pernambuco a tocar em Recife, animando o carnaval com o patrocínio da Coca-Cola.

Durante esse período, Orlando continuava fazendo o carnaval no Subúrbio Ferroviário. Em 1960, Dodô e Osmar fizeram o último carnaval deles, visto que após a festa o sogro de Osmar, Armando Meirelles morre. Como ele era o grande incentivador do trio elétrico, eles decidiram parar.

Ainda em 60, Orlando compra uma das carrocerias de Dodô e Osmar. O trio Tapajós, já tinha algumas melhorias, como a inclusão de um banheiro improvisado e um motor, produzido por Dodô. Em 1961, fez cinco micaretas com o patrocínio da Coca-Cola nas cidades de Alagoinhas, Feira de Santana, Catu, Pojuca e São Sebastião do Passé.
Com a parada de Dodô e Osmar, Orlando foi o responsável por manter o sonho do trio elétrico e em 1962, traz o Tapajós à Salvador. “Um amigo meu que era vereador, era muito amigo do prefeito na época. Ele conseguiu colocar o Tapajós no carnaval em 62. A minha alegria redobrou. Carnaval de Salvador pela primeira vez. Saio do subúrbio para a capital”, conta Orlando. O Tapajós nesse ano foi vice-campeão, ficando atrás apenas do Jacaré.

Assim o Tapajós se tornou mais conhecido em Salvador e Orlando queria evoluir ainda mais. “Eu quero preparar um trio sem ser ele acoplado no caminhão. Eu quero ele acoplado no chassi do caminhão. Tirava a carroceria do caminhão e preparava o trio elétrico” lembra. A carroceria de Dodô e Osmar comprada por ele serviu de base para fabricação desse trio, quando ele criou a carroceria de metal.

Em 63, volta ao carnaval o trio de Dodô e Osmar em um carro alegórico montado sobre uma carreta. Armandinho já atuava como solista estando com apenas 9 anos de idade. O Tapajós desfila com o patrocínio da Coca-Cola e no concurso de trios, é consagrado campeão.

“Em 1963, Armandinho já dedilhava com desenvoltura as músicas tocadas pelo pai no trio, e com o pau elétrico de seu pai que com justa alegria, fez um pequeno trio elétrico, saiu no carnaval de 64 com uma placa luminosa com os dizeres ‘Osmar apresenta seu filho Armando’ e em letras menores ‘Dodô e Osmar os foliões’, comenta Betinho Macedo.

A divulgação do Tapajós atingiu o nível nacional e nesse ano tocaram no carnaval de Recife, patrocinado ainda pela Coca-Cola. Nos três anos seguintes ganhou como melhor trio, se tornando tri-campeão.

A música “Atrás do Trio Elétrico”, foi lançada por Caetano Veloso em 1969. “Eu creio que Caetano Veloso fez da Fobica para homenagear todos os trios elétricos. Foi naquele ano. E aí o próprio Caetano falou: ‘ Nós temos Orlando que gravar um disco’, declara Orlando. E no mesmo ano o Tapajós gravou seu primeiro LP pela Philips, sendo o primeiro trio a gravar um disco, ainda com a música de Caetano. Cada vez mais conhecido no Brasil e com ajuda de Caetano que o levou para o Rio de Janeiro para reforçar o lançamento do disco, o Tapajós foi convidado a participar do Programa A Grande Chance da TV Tupi, cujo apresentador era Flávio Cavalcanti.

Em virtude da preparação de mais um trio elétrico para o carnaval, agora de 1972, Orlando viaja à São Paulo para trazer o que havia de novidade para o trio que iria construir. “Quando eu volto no avião e começo a ler uma revista, ali encontrei uma foto de uma nave supersônica. Aí eu olhei assim, isso aqui dá um trio elétrico da zorra, viu? O trio elétrico que eu vou fazer vai ser baseado nessa nave”, declara Orlando.

Caetano Veloso, que estava exilado em Londres anuncia a sua volta em 72, quando gravou a canção “Chuva, Suor e Cerveja” e mandou para o Brasil. Na terça-feira de carnaval de 72, sai no jornal A Tarde que Caetano estava de volta ao país. Orlando, ao ler o jornal decide prestar uma homenagem ao cantor e batiza seu mais novo trio: Caetanave.

No desfile do carnaval estavam na Caetanave, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, sem contar Dodô e Osmar. Além disso, houve o encontro entre Osmar na Caetanave e Armandinho, que fez o “Desafilho” quando se apresentava no trio Saborosa.

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